domingo, 14 de agosto de 2016

Encerrar-se em Prece


Fechei os olhos e esperei até que tudo se aquietasse
Até que todos os sons se silenciassem
Até que todas as vozes do coração se calassem

Cerrei os lábios e esperei até que não viessem mais palavras à boca
Até que os ventos parassem de incomodar os olhos
Até que as mãos outrora irrequietas não tivessem mais a intenção de se mexer

 

Segui absorto coração adentro
“Tantos lugares que poderia estar agora...”
“Quantas pessoas que gostaria de ver”
Pensei, pensei e então esperei até que não pensasse em mais nada
E bastasse apenas estar ali, dentro de mim




E ao descortinar desse silêncio cabal encontrei Paz!

terça-feira, 26 de julho de 2016

Antes de julgar

“A tradição é a fé viva do morto; o tradicionalismo é a fé morta do vivo”.

Jaroslav Pelikan 

quinta-feira, 19 de maio de 2016

"Garbo" Gabo



“Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência;
que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente
quando na verdade sou desconóado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não
sucumbir às minhas raivas reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba que pouco
me importa o tempo alheio.”

Gabriel Garcia Marquéz em Memórias de Minhas Putas Tristes

quarta-feira, 18 de maio de 2016

terça-feira, 10 de maio de 2016

MÃEosa!!!




Você conhece a tia Tita?
Mas olhe antes que eu repita

Havia lá.. lá no sertão bahiano,
Uma menina com seu pai nadano
Num açude cheio de amô represano
Uma menina, pequenina, de pouca vida, pouco sonho, pouco ano

É eu sou neto de avó e avô bahiano
Lembro disso todo dia, todo mês e todo ano
Que vieram pra cidade, só minha avó na verdade, já de idade como todos os filhos e a sua irmandade

Veio ela, a minha mãe magrela
Predisposta à Cinderela
Toda a tarde na janela
Esperar o beijo que era dela

Mas esse beijo demorô
E quando o beijo então chegô
Ela já foi logo e se apaixonô
Ai já viu, mais uma história de amô
Quem já sabe, quem contô?
Só sabe mesmo quem amô

Você conhece a tia Tita?
Mas olhe antes que eu repita

Dessa história longa de amô 4 contos se contô
Até versinho, continho, poema já brotô
Raiz boa é assim quanta fulô desabroxô
Quatro conto que contô o contadô

O 1º é o mais lindo, charmoso, metido a galanteadô...rsrs
Sabe lá o dia inteiro o que sonha o sonhadô
Volta pra terra Seu Jonatas alguém logo o avisô
Todo metido a douto, apaixonado pela vida
Mas me diga, quem foi que pela vida, na primavera nunca se apaixonô

A 2ª é de fato apenas uma simples fulô, é sério Geisa só pode ser nome de planta o jardineiro que falô
Pequenina só sorria, um sorriso de amô
Quem meu amigo, me diga quem por essa fulô nunca se apaixonô
Uma fulô risonha assim, simpaticíssima, um doce, um amô
Pra alegrar o dia e a noite de todo mundo que passô

O 3º minha gente, não discuta e nem tente
Jairo uma lenda, prodígio esse menino, o mais sábio inteligente,
E detalhe meu amigo é o “tudão” e nunca mente..rsrs
Um Lutadô e desde pequenino viveu a vida contente
Plantô uma boa semente
E agora pra toda gente é o papai. É o papai? Sim, o Itssac ensinô

O 4º, minha gente, é o caçula, o dengo, o cheiro, o mimo, o nenê
Que inspira a candura, E que mesmo na pindura
Não abandona sua fé
É minha gente avisa lá a Maria e o Mané
Pois é, até o caçula Juliano casô e abandonô
Mas a vida é assim né, fazer o que num é
Todo mundo que as coisa fácil e minha mãe que já dizia
Aé bebé mama na vaca se num qué né

Você conhece a tia Tita?
Mas olhe em toda a data mesmo que repita

Ela só qué se ver lembrada
Pelo filho abraçada
Abre os braços engraçada
Seu coração da gargalhada

Você conhece a tia Tita?
Mas olhe antes que eu repita

É uma fulô bahiana simples
Que agreste se formô
Uma fulô mãeosa e dita
O poeta já falô

Essa fulô bahiana forte, é bem forte sim sinhô
Mas quando se viu sozinha à sorte uma lagrima derramô
Não se enganem seus filhos com esse sorriso encantadô
Mesmo forte, assim tão forte, precisa de cuidado e cuidadô
Essa sobrinha da tia fulô..

Avó Maria já aviso, ficou de pé, se levantô, encheu o peito então falô
Sua mãe é a filha que Deus lhe abençoô
Cuida dela meu filho, que os seus dias Deus já multiplicô
Abençoado com uma mãe valente, então contente, ergo os braços agradeço
Obrigado meu Senhor!!!

Você conhece a tia Tita? Mas olhe antes que eu repita
Veja só se o seu coração como o meu também palpita

Cê conhece a Judith, sabe aquela a avó do It...?? Não??
Ela é a mais linda encantadora, flor MÃEosa e dengosa, eu te digo e não duvide
Você deve conhecer uma mulher assim maravilhosa.


quarta-feira, 13 de abril de 2016

O Coração do Baobá



No coração da África, havia uma extensa planície. E no centro dessa planície, erguia-se uma alta e frondosa árvore. Era o baobá.
Um dia, embaixo do sol escaldante do meio-dia africano, corria pela planície um coelhinho, que, exausto, suado, quando viu o baobá, correu a abrigar-se à sua sombra. E ali, protegido pela árvore, ele se sentiu tão bem, tão reconfortado, que olhando para cima não pôde deixar de dizer:
- Que sombra acolhedora e amiga você tem, baobá! Muito obrigado!
O baobá, que não costumava receber palavras de agradecimento, ficou tão reconhecido, que fez balançar os seus galhos e tremular suas folhinhas, como numa dança de alegria.
O coelho, percebendo a reação da árvore, quis aproveitar-se um pouquinho da situação e disse assim: - É, realmente sua sombra é muito boa.... Mas e esses seus frutos que eu estou vendo lá em cima? Não me parecem assim grande coisa...
O baobá, picado no seu amor próprio, caiu na armadilha. E soltou, lá de cima de seus galhos, um belo e redondo fruto, que rolou pelo capim, perto do coelhinho. Este, mais do que depressa, farejou o fruto e o devorou, pois ele era delicioso. Saciado, voltou para a sombra da árvore, agradecendo:
- Bem, sua sombra é muito boa, seu fruto também é da melhor qualidade. Mas... e o seu coração, baobá? Será ele doce como seu fruto ou duro e seco como sua casca?
O baobá, ouvindo aquilo, deixou-se invadir por uma emoção que há muito tempo não sentia. Mostrar o seu coração? Ah... Como ele queria... Mas era tão difícil... Por outro lado, o coelhinho havia se mostrado tão terno, tão amigo... E assim, hesitante, hesitando, o baobá foi lentamente abrindo o seu tronco. Foi abrindo, abrindo, até formar uma fenda, por onde o coelho pôde ver, extasiado, um tesouro de moedas, pedras e joias preciosas, um tesouro magnífico, que o baobá ofereceu a seu amigo. Maravilhado, o coelho pegou algumas joias e saiu agradecendo:
- Muito obrigado, bela árvore! Jamais vou te esquecer!
E chegando à sua casa, encontrou sua esposa, a coelha, a quem presenteou com as joias. A coelha, mais do que depressa, enfeitou-se toda com anéis, colares e braceletes e saiu para se exibir para suas amigas. A primeira que ela encontrou foi a hiena, que, assaltada pela inveja, quis logo saber onde ela havia conseguido joias tão faiscantes. A coelha lhe disse que nada sabia, mas que fosse falar com seu marido. A hiena não perdeu tempo: foi ter com o coelho, que lhe contou o que havia acontecido.
No dia seguinte, exatamente ao meio-dia, corria a hiena pela planície e repetia passo a passo tudo o que o coelho lhe havia contado. Foi deitar-se à sombra do baobá, elogiou-lhe a sombra, pediu-lhe um fruto, elogiou-lhe o fruto e finalmente pediu para ver-lhe o coração.
O baobá, a quem o coelhinho na véspera havia tornado mais confiante e mais generoso, dessa vez nem hesitou. Foi abrindo o seu tronco, foi abrindo, bem devagarinho, saboreando cada minutinho de entrega. Mas a hiena, impaciente, pulou com suas garras no tronco do baobá, gritando:
- Abra logo esse coração, eu não aguento esperar! Ande! Eu quero todo esse tesouro para mim, eu quero tudo, entendeu?
O baobá, apavorado, fechou imediatamente o seu tronco, deixando a hiena de fora a uivar desesperada, sem conseguir pegar nenhuma joia. E por mais que ela arranhasse a árvore, ela nada conseguiu.
A partir desse dia é que a hiena ganhou o costume de vasculhar as entranhas dos animais mortos, pensando encontrar ali algum tesouro. Mal sabe ela que esse tesouro só existe enquanto o coração é vivo e bate forte.

Quanto ao baobá, nunca mais ele se abriu. A ferida que ele sofreu é invisível, mas dificilmente curável. O coração dos homens se parece com o do baobá. Por que ele se abre tão medrosamente quando ele se abre? Por que às vezes ele nem se abre? De que hiena será que ele se recorda?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Loa Nordestina


"Águardente é giribita feita de pau de capucho 
Bate comigo no chão e eu bato com ela no bucho."